A informadora – Crónicas de anos sombrios é um romance histórico que narra a vida da ambiciosa Ivone em pleno Estado Novo, regime político cruel e ditatorial que vigorou em Portugal durante 48 anos, desde o golpe militar de 28 de maio de 1926, conhecido como Ditadura Militar, passando pelo repressor Estado Novo, que surgiu com aprovação da constituição de 1933, até a Revolução de 25 de Abril de 1974, que restabeleceu a democracia.
Ivone, filha de pais merceeiros, era a mais nova de três irmãs. As duas mais velhas, sem grandes ambições, tinham instrução primária. Ivone, que estudara até o quinto ano do liceu, mantinha os ares de superioridade e julgava-se merecedora de uma ocupação melhor do que atender os clientes na mercearia dos pais.
Com a cabeça cheia de sonhos, fruto das suas leituras triviais, imaginava-se noiva e esposa de um famoso advogado com um belo automóvel e vivenda no Estoril. Assim era a onírica Ivone quando foi contratada como secretária num escritório de advogados. A partir daí, o objetivo dela passou a ser conquistar o jovem advogado Eduardo, casado e com dois filhos.
Repleta de ambições e expetativas, em meio às investidas, cada vez mais audaciosas, no Eduardo, Ivone começou a cooperar com o Estado Novo como informadora, relatando tudo o que se passava no escritório, que pudesse ser contrário ao governo totalitário de Salazar, à polícia política repressiva (PIDE).
Nós, da Editora Europa, entrevistamos o autor para saber um pouco mais sobre as suas inspirações para escrever o livro, assim como a mensagem que ele quis deixar aos leitores.
Confira a íntegra da entrevista com o autor português Rui Sobral de Campos sobre o livro “A informadora – Crónica de Anos Sombrios”.
Quando e como começaste a escrever?
A minha primeira escrita diz respeito a um conto que escrevi aos 18 anos para um concurso aberto pelo suplemento juvenil do jornal Diário de Lisboa intitulado o Funcionário Farrica, conto que obteve o segundo prémio do jornal.
Como escolheste o tema do livro?
A escolha do tema de “A Informadora – Crónica de Anos Sombrios” foi orientada pela necessidade que, em meu entender, deve fazer parte da informação política disponibilizada às novas gerações, nomeadamente aos nascidos já no presente século, têm legitimamente noutras preocupações, pois a ditadura do Estado Novo nada lhes diz, pois começa a alojar-se nas memórias da História, porém o seu conhecimento deverá estar ao alcance das gerações mais novas, para que tenham consciência da violência que acompanhou 48 anos de ditadura, 29000 presos, alguns assassínios e 13 anos de uma prolongada guerra em três frentes que deixou um rasto de milhares de mortos, em ambas as partes do conflito, as forças armadas portuguesa contabilizaram quase 9000 vitimas mortais e grande quantidade de incapacitados, do lado dos guerrilheiros não existem números conhecidos mas deverão ter atingido largos milhares.
Sobre que temas gostas de escrever?
Os temas são, para além da ditadura, a relação entre médicos e doentes: o meu primeiro livro com o título de “O Mágico da Lua” mistura ficção com fatos da História de Portugal, o meu segundo livro foi dedicado às Minas de São Domingos no Alentejo, exploradas há dois mil anos pelos romanos, tiveram reatamento da exploração de cobre e pirites em meados do século XIX até às últimas décadas do século XX. Trata-se de um romance de ficção em volta das minas. O meu próximo livro, que está em final de escrita, fala do latifúndio alentejano.
Que mensagem quiseste deixar ao leitor com o livro?
É meu desejo que os meus eventuais leitores se informem sobre a violência que acompanhou o Estado Novo até à Revolução de 25 de abril de 1974 que restaurou o regime democrático.
O que gostarias de ouvir dos leitores?
Gostaria de ter reações dos eventuais leitores aos meus livros, tenho um site que pode ser acedido em ruisobralcampos.com.